ura-uhr

O ESPÍRITO DA NOVA ERA

Pelo Maha Chohan KUT HUMI LAL SINGH

LONDRES, 3 de maio de 1966

 

"Apenas havia começado a ERA ATÔMICA, com a destruição abominável de Hiroshima e Nagasaki, com um saldo de mais de 200.000 mortos e outros tantos feridos ou seriamente afetados... tanto mais odiosa quanto era inecessária posto que o Japão já se havia declarado vencido e solicitava render-se incondicionalmente, e portanto se convertia no mais atroz, repugnante e vil assassinato em massa (genocídio) de todos os tempos por que haja sido em nome da Cristandade e pelo triunfo da democracia assim como para acabar para todo o sempre com todas as guerras, as nações triunfantes (!) constituíram uma organização que se deu em chamar "NAÇÕES UNIDAS". Sua finalidade, então amplamente se disse e se garantiu, era organizar a Vitória, reconstruir o mundo sobre uma paz de firme PAZ, resgatar os povos subjugados, ajudar os REFUGIADOS E EXILADOS ou APÁTRIDAS; enfim, instaurar a ERA DA DEMOCRACIA.

Isto acontecia em 1945. Mas nos anos que se sucederam a humanidade demonstrou não haver aprendido grande coisa com as monstruosidades diabólicas dos quatro anos de carnavais de destruição e de assassinatos em série e em massa. Ou não seja que lhe tomou gosto ao da Lei da selva e ao excelente refinamento na negação e contradição de todos os preceitos morais, espirituais e divinais havidos ou por haver. O fato é que o COLONIALISMO, essa chaga ominosa do cristianismo, e enfim todo o pavoneado pelas Nações Unidas continuou muito igual, embora com diferentes roupagens ideológicas e distintas técnicas psicológicas. Os próprios aliados da famosa vitória empenharam-se em desvencilhar-se e vencer-se mutuamente de linda maneira, e enfim, o mundo, em 1966, está como que nunca houve tantas guerras e espíritos guerreiros mais sutil e pertinaz em toda a sua história. Enfim, por mais que se diga, hoje em dia há cada vez mais REFUGIADOS, EXILADOS E APÁTRIDAS, que desdizem muito do espírito civilizado ou democrático e cristão dos eternos contendores por uma supremacia ou hegemonia que é das mais anti-democráticas e anti-religiosas imagináveis. Com tudo isso, como se não fosse suficiente, os fabricantes de artefatos bélicos aumentam em número e desafiam-se cada dia mais e com maior efetividade, posto que já a França ignora os insignes serviços dos Estados Unidos e proclama-se idêntica aos maiores, com uma superlatividade digna da mais consumada megalomania, e, enfim, a China já esmera suas técnicas com Bombas de Hidrogênio e Nucleares, e também o Egito, a Índia, a Indonésia, Israel, Itália, Alemanha, Argentina, Brasil etc. etc. não ficam atrás, em suas ânsias secretas de poder esgrimir diante da vida atônita de seus vizinhos (tão amados) uma generosa dose de poderio aniquilador e genocida. Assim se pensam e se aquilatam os tão decantados DIREITOS DO HOMEM hoje em dia. Os absolutismos reafirmaram-se com sentido introvertido, lembrando-se de façanhas colonialistas passadas ou de expressão cultural (sic!), e, afinal, já parece que nenhuma nação, por muito grande ou simbólica que seja, e com presunções imperiais ou de simples bíblico, quer negar-se o privilégio de adonar-se do mundo ou de amestrar, sujeitar, conduzir, redimir, esclarecer e glorificar a espécie humana.

Naturalmente, ninguém se preocupa com a CONSCIÊNCIA HUMANA. O importante é dominar, expandir os próprios domínios, demonstrar uma proclamada superioridade, e, enfim, INSTITUCIONALIZAR INTERNACIONALMENTE E ATÉ PLANETARIAMENTE os Diktats, as Dictomanias, os Dogmas, os Ukases ou as Leis Duras com devido rigor ao talante dos esforçados "melhoradores materiais, morais e espirituais" da humanidade, seja em nome de Deus, da "revolução triunfante", ou como quem diz: "por minhas pistolas". É, sem a menor dúvida, a ERA DO CACIQUISMO ENSOBERBECIDO, AUTO-GLORIFICADO E IRREVERSIVELMENTE ENTRONIZADO. Não são somente as nações que se tornaram assim depois das sobejamente infames lições da história, senão até algumas organizações e muitos indivíduos que meteram em seus miolos doentios a idéia de que são indispensáveis ou que representam a DEUS. Quem a modo de incapaz necessita de gentinhas impávidas e até monstruosas às vezes, daqueles que o substituam, lecionam e enfim glorificam melhor do que nunca o haja feito ELE MESMO.

Lancemos uma vista de olhos à RODÉSIA para convencer-nos um pouco. Ali "se luta, para a sobrevivência dos benefícios do colonialismo, pela supremacia da raça branca na África, e para a plena glória do cristianismo que deve perdurar". As Nações Unidas roçaram timidamente o problema, mas não fazem nada de prático para que dois milhões e meio de autóctones negros africanos possam ser tratados com dignidade por uns 200.000 brancos cristãos colonizadores, que ainda acreditam viver no século XVII. Tampouco se ouviu a menor voz cristã, democrática ou humanista, condenatória ou pelo menos acusatória. (Salvo a nossa).

Logo há os probleminhas de ISRAEL (ex-PALESTINA), CORÉIA, INDOCHINA, CACHEMIRA, CUBA, SÃO DOMINGOS, etc.. Em cada caso se fez falar o DIREITO DA FORÇA, não a democrática, humanitária e religiosa FORÇA DO DIREITO. Os interesses bastardos e convencionais cobram proeminência sobre os imperativos da CONSCIÊNCIA HUMANA".

"Certamente, fala-se muito de Dignidade Humana, de Amor Divino para a Humanidade, enfim, de "culto-respeito" à personalidade humana... porém, a pobre espécie humana continua sendo presa predileta e fácil de todos os busca-pleitos e redentores autodidatas imagináveis. O homem moderno é muito científico em suas conquistas, para facilitar a existência, mas a própria vida humana carece da devida significação enquanto os caprichos, as ilusões e os egoísmos se entrometem. Cada qual invoca direitos naturais ou Divinos a seu antolho, e quando as boas ou más razões deixam de surtir efeitos adequados ou esperados, recorrem-se a meios mais expeditivos, como a guerra de nervos, os saques, as andanças ou cruzadas "aniquiladoras de hereges, pagãos, inimigos satânicos", e as matanças, os programas ou os "patagoniamientos" e as "congoladas" de última cunha. À falta de CONSCIÊNCIA, utiliza-se a ciência para dirimir satisfatoriamente todas as divergências, embora seja ao preço de rebentar o planeta com artefatos técnicos e com suprema perfeição. Não esqueçamos que já os Russos e os Americanos possuem bombas "perfeitas" de 20 milhões de toneladas de TNT de força. Com isso, já podem as raças humanas tomar aviso se não se deixam subjugar, conduzir, salvar e glorificar pelos poderosos com certas ínfulas bem definidas.

Para essas cruezas ignominiosas de indiscutível temperamento INUMANO, ou diga-se antes, ANTI-DEMOCRÁTICO, ANTI-CRISTÃO, ANTI-ESPIRITUAL E ANTI-NATURAL, o sobrevir da CONSCIÊNCIA HUMANA não deve ser aniquilado, nem cabe conceber que vá ser destruída tão facilmente. Depois de dois milhões de anos de existência, a espécie humana aprendeu a conservar-se, em que pesem todos os absolutismos que surgiram, quer seja nas tribos, nos redutos secretos das máfias pre-históricas, nos pélagos místicos ou idólatras, ou em seitas supersticiosas mais ou menos progressistas uniteistas, multiteistas, triniteistas ou simplesmente agnósticas. Nos estados e nos impérios que prevaleceram durante o último milhão de anos, as coisas foram de mal a pior pelo de "A SANGUE E FOGO", ou seja, mediante a filosofia do "Retira-te tu para que me coloque eu" e que vem a ser algo assim como "Vossos Deuses, vossas culturas e vossas ciências são pura patranha; permitam-me que os instrua, guie, salve e glorifique com meu próprio Deus que é único, com minha própria cultura que é superior e com meu saber que é imelhorável." Nem a moral nem a ética nem tampouco a filosofia prosperaram e progrediram nesse ínterim, naturalmente, mas a CONSCIÊNCIA HUMANA em exílio, retraída em si mesma ou na clássica clandestinidade soube perdurar, e isso sem deixar de enobrecer-se. Hoje em dia, em resumo de contas históricas, o mundo acha-se num impasse, pois os impérios desagregam-se, as nações ultra-potentes desintegram-se por falta de genuína moral e espiritualidade, e, enfim, todos os desdobramentos de poderio e de sentido de hegemonia ou absolutistas ideológicos, imaginários, ou simplesmente sentimentais, vêm-se amplamente julgados e completamente condenados a uma retirada inevitável senão a uma destituição natural por simples inoperatividade. Com efeito. A CONSCIÊNCIA HUMANA fortalece-se cada dia, e surge qual AVE FENIX legendário, das cinzas de todas as infâmias, traições e ignomínias, que enriqueceram a história humana de maneira sobejamente horripilante mas bastante instrutiva.

Fatos como os de CUBA, SÃO DOMINGOS, VIETNAM, CONGO, PALESTINA, CACHEMIRA E RODÉSIA não devem ser considerados como simples incidentes locais ou esporádicos carentes de relevância racional. Em realidade, são outros tantos diferentes casos de ventilação de uma liquidação de fatos ou contumácias históricas que já podem ser tolerados pela CONSCIÊNCIA HUMANA. São problemas aparentemente insolúveis, com efeito, mas não devemos cultivar nem a impaciência nem o desespero, nem muito menos esgrimir umas iras Divinas que fazem rir ou impor castigo que só demonstram tanto a razão como a força são utilizadas indignamente por aqueles que mais se vangloriam de possuir Códigos, Escrituras Sagradas, Cartas Magnas e Declarações santíssimas ou supra-superlativas.

De fato, o mundo progride num sentido mais humanitário. Porém, ainda não é todo o humano que deveria ser. Grandes civilizações surgiram durante 12.000 anos, mas em que pesem suas respeitáveis grandezas e virtudes, o humanismo ficou proibido, ou, pelo menos, não conseguiu prosperar, sobrepondo-se a todos os sofistas e marralheiros (velhacos) armados das avançadas históricas. Isto inclue as majestosas civilidades do Egito, da Índia, da Grécia, sem dúvida alguma da refulgente Suméria e Caldéia, dos Maias e, afinal, dos Vedantas ou Védicos. O Verbo Espiritual não conseguiu nunca resplandecer com toda sua magnificência. A Grécia e os Maias, que foram contemporâneos, coincidiram com seu humanismo prático, talvez pelo totalmente desligado das preocupações teológicas da época. Nisto, seguiram, indubitavelmente, as soberbas lições dos Huighurs da Ásia Central, que existiam desde muitos milênios antes e eram, por sua vez, emigrantes do desaparecido continente MU. As grandes civilizações sucederam-se historicamente, mas não se copiaram nem se superaram de todo. Influíram-se mutuamente, tão só. Entretanto, a história humana haveria sido muito outra se se houvessem ignorado expedientes da brutalidade ou dos domínios pela barbárie".

"É um fato que a humanidade progride em animalidade e em endemoniadas exações anti-humanas, anti-religiosas e anti-democráticas à medida em que os tempos avançam. A irrupção dos Hebreus cristãos deram os fatos da latinidade ensoberbecida e variantes da cultura dos fenícios, que jogaram ao traste o Helenismo, assim como as imarcessíveis magnificências da civilização egípcia que nunca foram nem respeitados nem tampouco superados e, menos ainda, imitados.

No Extremo Oriente, os desdendentes de MU preservavam as tradições Sagradas de MU, que hoje em dia vemos ainda muito zelosamente mantidas em certas Ilhas do Pacífico, assim como nas selvas indômitas do Sul Asiático. Na própria Índia, da mesma forma que no Vietnam e nas Ilhas da Sonda, estas Tradições persistem, com singulares semelhanças com o universo Maia e pré-Inca das Américas e com o dos mais remotos tempos do mundo Mesopotâmico e Ário.

De todos modos, em matéria de Tradições Sagradas ou simplesmente humanistas senão sublimemente Espirituais, a espécie humana não tem nada que se achacar, nem os de há centenas de milênios teriam motivos para sentirem-se superados. Foram deslocados, descartados, vencidos talvez, momentaneamente, mas não foram jamais nem melhorados nem desacreditados. Os incidentes históricos foram-lhes desfavoráveis, mas a CONSCIÊNCIA HUMANA continuou com seus valores indiscutíveis e indestrutíveis. O deslocar em Deus ou destruir uma civilização não implica necessariamente que se hajam aberto álveos de progresso humanista nem vergéis de genuína Espiritualidade. Nem os Incas do Peru foram nunca superiores moral e espiritualmente aos Chimus e Chibchas que conquistaram, nem tampouco os cristãos, que venceram os Incas, demonstraram ser mais dignos e respeitáveis do que suas próprias vítimas e vencidos ou conquistados. E a história se repete em todas as latitudes do mundo. Se se pudessem sempre admirar, amar e glorificar os conquistadores, o mundo seria magnífico.

De fato, a história demonstra-nos, fidedignamente, que as civilizações que se sucederam ou superimpuseram-se, copiaram-se em certos aspectos. Na olaria (alfarería) assim como nas cosmogonias e nos conceitos Divinos, houve uma simples adoção e transposição, com variantes muito ligeiras, como para dissimular os plágios ou as reedições com adições. O que não variou com o fruto das conquistas é a CONSCIÊNCIA HUMANA, pois os novos amos, talvez, por serem os mais fortes, não se preocuparam, no mais ínfimo, com o bem-estar dos vencidos ou conquistados, que eram, antes, escravos e contribuintes obrigatórios para a riqueza e a glória dos novos senhores. Diante de tais disjuntivas, cabe estranhar-se se os autóctones vencidos ou colonizados sofram do mal da saudade e do ostracismo, e se sonham, melancolicamente, com o recuperar suas culturas perdidas, Divindades e modos naturais de viver? Estes fatos prestam-se para sérias meditações. É que a CONSCIÊNCIA HUMANA vem por leis naturais recuperar suas dignidades perdidas e seus direitos Espirituais natos. Isto, nós o analisamos, com maior amplitude, em nosso TESTAMENTO ESPIRITUAL PARA A HUMANIDADE DA NOVA ERA.

Os acontecimentos com sentido de rebeldia, como a juventude insatisfeita que se dá às excentricidades e aos extremos do Ieieísmo, da mesma forma que essas tendências equivocadas a escapar da tragédia de um viver com rigores de desacertos ou de inadaptabilidade seguidos por ilegalidades e impunidades ou vícios estonteantes e auto-aniquiladores (alcoolismo, tabagismo, drogas, bacanais, seitas sagradas etc.), são também indícios de grandes mudanças na condição humana. Também o são as atitudes de desafio diante dos costumes estabelecidos e dos interesses criados, embora indiquem métodos de almas ineptas e, de antemão, vencidas ou que não sabem respeitar-se a si próprias.

A humanidade está gravemente enferma. Mas estas são as dores de parto de uma nova civilização. Alvorece, com efeito, A NOVA ERA, que há de ser ingenitamente humanista. Dir-se-ia que, como movida sob o signo cósmico da Divindade eterna, a humanidade se despertasse e jogasse de lado todos seus mitos e instituições desmentidas e, sobre os fracassos das ilusões e crenças do passado, ela se dispusesse a humanizar-se em sentido superlativo, ou, pelo menos, excelente, com reavivamentos da já há demasiado tempo postergada CONSCIÊNCIA HUMANA. Um Einstein, um Gandhi, um Anatole France, um Forester, um Oppenheimer, acaso não valem mais, com suas nobres virtudes, do que todos os mandões que a humanidade teve que suportar até este preciso dia? Não é que não tenha havido outros espíritos luminares nem genuínos Valmikis, Pitágoras, Manes, Mitras, Budha e Lao Tseo, senão que, precisamente, os mentores mais humanistas da humanidade não foram os que escreveram as páginas reprováveis da história. Mas chegou a hora de reconsiderar, de revisar e de revalorizar. A NOVA ERA, que há de acabar com todas as ERAS de valores duvidosos ou de primazia forçada incidental, não necessita de defensores nem de representantes, pois se promove com as expressões natas da CONSCIÊNCIA HUMANA, que se basta a si mesma. As turbulências e as torpezas violadoras do momento não hão de prosperar tanto como para aniquilar a CONSCIÊNCIA HUMANA, ou como para evitar seu ressurgimento e sua proeminência final"