IRMANDADE ESPIRITUAL UNIVERSAL

AQUARIUS

A Nova Era - Abril de 1965

Não resta a menor sombra de dúvida de que todas as Religiões, Filosofia Espiritualistas e Fraternidades pregam, ensinam e recomendam a prática do Amor a Deus e ao próximo.  Entretanto, na realidade, temos visto como a maioria delas falham fragorosamente, chegando ao ponto de que altos dignitário de certas denominações não consideram como irmãos nem filhos de Deus os seres humanos que não pertencem a elas, mas tão só como suas criaturas. Outras não querem nem mesmo aproximação ou troca de ideias com determinadas “classes” de religiões e crenças, que julgam como provindas do diabo. Também é incontestável que a confraternidade entre as religiões mostra-se como que uma espécie de sonho quase impossível e, quando uma ou outra celebram ofícios religiosos em conjunto pela primeira vez em vários séculos, isto serve como noticia e até manchetes, quando devera ser a regra, evidenciando que se trata de acontecimento raro, esporádico. Em 1963, tentou-se realizar no Brasil na cidade de Porto Alegre, um Congresso de Confraternização e para cooperação interconfessional entre todas as Religiões, Fraternidades, Filosofias e Crenças. Porém, os dirigentes delas opuseram-se á sua realização como já é sabido. Por ocasião do IV Centenário da cidade do Rio de Janeiro, ia ser celebrado um Congresso Espiritualista, cujos anúncios indicavam serem seus participantes os maçons, os espíritas, os umbandistas, os rosa-cruzes, os esotéricos e os kardecistas (jornal “Sinárquico”, janeiro de 1965), notando-se “a priori! a exclusão de católicos e protestantes, para citar apenas as religiões mais numerosas no país.

Como se vê, ainda perdura no Brasil uma estreiteza de vistas espirituais. Parece que se quer enfrascar o universal, tomando-nos convictos daquela expressão autorizada do ilustre Mestre KUT HUMI LAL SINGH, publicada em o número anterior de !AQUARIUS A Nova Era”:  “... O Brasil não está preparado ainda para um labor de ordem social cooperativa de caráter espiritual, nem tampouco para uma coexistência pacifica, á que cada grupinho ou clã é o pior inimigo do vizinho; e, enfim, onde prevalecem as paixões mais baixas não há possível idealismo “humano”.

Podemos afirmar, por outro lado, que nem mesmo o Concilio Ecuménico Vaticano II teve aquela amplitude de efetivar uma genuína Irmandade Espiritual Universal entre todos os homens, já que os mais aproximados da Santa Igreja Católica, v.gr. os ortodoxos e os protestantes não penetraram livremente nela nem ela na Igreja Ortodoxa ou nos outros ramos importantes de Cristianismo mundial. Até o presente momento, aguarda-se a resposta de Sua Santidade o Papa Paulo VI para tomar a si o encargo de realizar no Brasil o Congresso de Todas as Religiões, e quanto mais retarda-a, mais fixamos nosso ponto de vista de que não existe eco sequer na maior denominação crista para um trabalho que há de representar o próprio futuro da Nova Civilização, da Nova Era, quando o “homem há de manifestar-se de uma maneira espiritual, com maior ímpeto, com maior ênfase, com maior significação”, na frase profética daquele dirigente máximo do Renascimento Espiritual da Humanidade aqui citado.

Nós somos testemunhas dos esforços incontáveis que tem feito Sua Alteza o Príncipe OM Lind-Schernrezig para conseguir dos Dirigentes das Religiões e Fraternidades uma compreensão maior, obra de verdadeira Irmandade Espiritual, bastando citar os seus empenhos para que, por exemplo, seja abolida a excomunhão sistemática e automática a todos os maçons do mundo, seja estabelecida uma MORAL UNVIERSAL; seja criado um PARLAMENTO HUMANO, uma CONFEDERACAO MUNDIAL DE POVOS AUTONOMOS; seja garantida a LIBERDADE DE CONSCIENCIA E DE EXPRESAO PARA TODA PESSOA E PARA TODA COLETIVIDADE; seja estabelecida a CIDADANIA UNIVERSAL e adotado o PASSAPORTE UNIVERSAL; seja estabelecido o ser humano em seus direitos naturais, universais e espirituais; criação de uma Economia mundial unilateral e controlada, assim como de uma só meda mundial garantindo os direitos económico-sociais de todos; enfim, “uma completa ampliação do horizonte humano e uma plena dilatação da Consciência individual, o que representa uma reintegração do homem na Natureza Universal e o restabelecimento do respeito do homem, em todos os planos da Vida”: até agora, no entanto, essa magnifica e gigantesca Obra não produziu os frutos que realmente hão de nasce em futuro que, desejamos, esteja próximo.

A crença em um Ser Supremo é inata no homem, até mesmo nos selvagens, não sendo privilegio dos civilizados. Aproveitando-se da credulidade do povo, prosperam muitíssimo, MATERIALMENTE, - diga-se de passagem – os “chefes” religiosos que manejam a boa fé dos seus semelhantes, com “visões” e “revelações divinas”, psicologicamente bem assestadas contra suas vítimas. Em geral, eles não trabalham para a própria subsistência, mas tornam-se quase sempre potencias financeiras, vivendo como nababos a custa alheia, rodeados de cercais. É nós temos a impressão de que tal estado de coisas é um dos maiores empecilhos para que se aproximem as Religiões e Fraternidades, visto como há receio de os Dirigentes perderem ou verem diminuídas suas posições ante a massa explorada, dificultando e retornando, assim, a efetivação da genuína Irmandade Espiritual Universal entre todos os homens de todas as crenças. Reside, aí, por certe, um fator do progresso do comunismo em todo o mundo. Contraste chocante este: as Religiões e Fraternidades que o combatem são as próprias que o propiciam e fazem prosperar....

Relembramos, finalmente, o grandioso lema daquele Congresso de Confraternização de Todas as Religiões, Fraternidades, Filosofias e Crenças, duramente, subterraneamente combatido pelos Chefes das respectivas agremiações em P. Alegre e no Brasil: “DEUS, VERDADE e HUMANIDADE. Existe um só Deus, uma só Verdade e uma só Humanidades, a despeito de que cada um de nós Os vejamos e sintamos diferentemente, conforme nossa capacidade de consciência e nosso grau de evolução espiritual.

Um dia por certo chegará em que todas as Religiões e Crenças ensarilhem suas armas, acabem de desgladiar-se e ponham mãos a obra de reconstrução moral e espiritual da Humanidade e, então, sim, poderemos gozar, desfrutar não apenas de palavrórios bonitos e pomposos como os ouvimos e temos a todo o momento mas, efetivamente, de uma inconfundível, inatacável, indestrutível e genuína IRMANDADE ESPIRITUAL UNIVERSAL.