CARTA  AGHARTHEANA A UM SACERDOTE CATÓLICO 

agharta 

pelo Maha Chohan
KUT HUMI LAL SINGH

Havana, 27 de fevereiro de 1950

Quando denuncio as vilanias e as monstruosidades da civilização, é que eu quisera algo melhor. É de fato a razão pela qual me esforço em cooperar para a solução dos problemas do mundo, para aportar verdadeiros remédios aos males do homem. Certamente, não acuso os sistemas, os métodos, as doutrinas, se não os homens que não são donos nem de si próprios. Não se deve repreender as ciências, se não as consciências. As coisas não têm valor em si, e não têm interesse senão na medida dos Valores puramente humanos.

Quanto ao mais, atrevo-me a afirmar que ninguém tem o direito de colaborar com o crime e a infâmia, seja por tolerância, seja por complacência ou por temor às represálias. Colaborar com estas coisas é uma culpabilidade monstruosa, abominável de todos os modos.

Um ponto a aclarar aqui. Você diz:  “Roma é o coração do Cristianismo, o fogo puro do Coração de Deus sobre a terra”. Infelizmente tenho, sem embargo, que dizer-lhe que existem em Roma, como em todas partes, infâmias odiosas e execráveis. Há também crimes a cada momento e umas injustiças monstruosas. Há igualmente, segundo estatísticas oficiais, mais de cinco mil lupanares e cem mil prostitutas  “livres” que percorrem as ruas. Há, enfim, centenas de crianças sem lar, maltrapihos, e milhares de familias na pior miséria. Enfim, em Roma encontram-se, além disso, mais de oitenta mil comunistas e uma meia dúzia de diferentes seitas “satanistas”. Justamente ao lado das portas exteriores desta “Cidade Eterna” existem diversos campos de concentração para perseguidos políticos, pessoas sem teto (D.P.), e prisioneiros de “guerra”, que jazem na miséria moral e material e se esgotam no ostracismo legal civilizado ...  Devemos reconhecer tudo isto como uma parte integrante do “Coração do Cristianismo, o fogo puro do Coração de Deus sobre a Terra”, como você diz ?  Oh!  Não!  Padre meu, não me peça que creia nisto!  Faz tão só uns poucos anos, o Santo Padre mesmo assim bendizia as tropas do Duce que partiam para a conquista da Abissínia, este monstruoso massacre de pessoas. Enfim, o mesmo Santo Padre dizia que “o general Franco era a mais bela jóia da coroa da Igreja”, enquanto que hoje quase lhe dá as costas. A quem  crer, de fato ?

Você diz finalmente: “O Cristianismo trouxe para a humanidade o sentido da nobreza, da dignidade do homem, a verdadeira democracia”. Se Você me permite algumas reflexões, apressar-me-ei em dizer-lhe que isto é, apenas, exato, pois desde os tempos mais antigos, o homem teve concepções maravilhosas e deu prova de sentimentos incomparáveis. Evitarei fazer comparações, pois isto sempre é pouco elegante; mas admitamos que a nobreza “fora do Cristianismo”, antes e depois do advento deste, teve suas horas de glória das quais gostaríamos muito de desfrutar no tempo atual. No curso da idade pastoral, no tempo dos Profetas Hebreus, no Egito faraônico, nas Américas autóctones, em meio aos continentes desaparecidos, enfim, existiam umas civilizações e umas culturasmaravilhosas, incomparavelmen-te superiores a este modo de vida atual, que tanto se louva. A moral dos antigos e, inclusive, dos que hoje se chamam com desprezo “primitivos” foi, por acaso, melhorada pelo homem civilizado de hoje em dia?

Em resumo de contas, o homem moderno é mais pacífico, mais honrado e mais feliz do que seus antepassados das tribos palustres e das florestas prehistóricas?  A dizer a verdade, em nossos dias, há várias marcas de fábrica intituladas “democracia”, mas qual recomenda Você? Qual é,  verdadeiramente, mais recomendável?  E por que? - Eis aqui umas perguntas para as quais faria falta responder com precisão para melhor inteirar-se sobre a sorte dos diferentes setores da presente humanidade. Seguramente Você, Padre, elogiará a “democracia cristã”, pois é a única que Você conhece. Mas os que a “sofrem” em lugar de administrá-la, não serão tão otimistas com ela nem entusiastas. Tudo depende do ponto de observação de cada um. Mas a democracia verdadeira, tipo Abraão Lincoln ou helênica, não existe em nossos dias, a não ser sob forma de utopia ou de mito.

Tenho um respeito infinito pela vida limpa e conscienciosa, que pude constatar nas pequenas cidades americanas, onde se vive ao ritmo de um pensamento são e sem fanatismo, ao compasso de uma concepção sagrada da liberdade individual, a qual é, ao mesmo tempo, respeitável e respeitada em sumo grau. Mas quando tive que viver no ventre destas cidades monstros de uma civilização superorganizada, daí eu saí enojado! Não conheço bastante a Europa para dar-lhe meu critério preciso a este respeito, mas aposto que é pouco mais ou menos a mesma coisa, se não, pior. Há democracia e democracia. Os Russos também se dizem democratas. Os nazis pretendiam, em seu tempo, ser os arquétipos da democracia. Enfim, cada país da Europa possui, inclusive no momento atual, um selo sui generis de democracia, que lhe é particular e exclusivo. Pode-se escolher, quando escolher se impõe!; mas quantas almas sensitivas européias reclamam hoje em dia um rincão “na selva”, longe da barafunda do mundo, espantados pelos progressos do momento! Quantos dariam de bom grado a metade de sua vida para viver a sorte dos que se crêem desprezar, tratando-os como “selvagens”!

Você lê o COLLIERS’  WEEKLY ? Pois leia-se, nestes dias, um relato da série intitulada FUGA PARA SHANGRILAH, por Thomas Lowell. Trata-se de uma visita ao Tibé. Recomendo-lhe esta leitura, pois lhe fará refletir e verá Você que não exagero de nenhuma maneira em minhas precisões aqui. Tenha em conta que sou tibetano, de maneira que não há o menor risco de que lhe fale com parcialidade. Conheci o Tibé durante minha meninice, mas perdi todo o contato com ele. Não impede que este país, maldito por todos os outros por causa de sua religião incompreendida e das estúpidas “revelações” interessadas de exploradores sem dignidade nem consciência, seja um refúgio ideal fora da civilização, inclusive para Cristãos! Deixo-lhes a palavra.

Para mim, a nobreza não é um título que se compra, ou que se obtém por favor. É preciso ser nobre para ter direito a isso! Não se nasce sempre nobre, mas pode se chegar a sê-lo por meio do esforço individual. O Agharta mesmo é um exemplo excepcional disso.

Para mim, a verdadeira nobreza enobrece sem cessar por toda a parte onde se expressa e irradia. Esta nobreza, enfim, guia, serve, inspira e protege sem cessar em todas as suas manifestações exteriores. Não se transmite por herança, e não se pode possui-la sem merecê-la ou expressá-la sem honrá-la.

A verdadeira nobreza é, pois, um heroísmo transcendental, uma epopéia da alma dedicada e livre, forte e realizadora. É a dignidade espiritual indiscutível, um direito de sentimentos de corações puros, um prestígio da consciência, enfim, uma necessidade de expressão dos Valores do Espírito.

É inútil precisar, sobretudo, que as almas parasitárias são incapazes de tal nobreza, e se Você entendeu minha obra em espanhol intitulada ROSA MYSTICA, convirá comigo que, se se persiste em certos meios em ignorar meu pensamento ou em lançar-me invectivas e envilecer-me, não é mais do que por interesse egoísta, - quanto ao mais, a única razão que pode justificar as almas enevenenadas pelo ódio e impotentes diante de suas próprias indignidades. Mas o fato desta ignorância é, já, uma culpabilidade certa, pois não se pode rechaçar impunemente a realidade.

Você me recorda que quisera minhas precisões sobre as qualidades distintivas dos Agarteus ou Aghartheanos (Aghartés ou Aghartiens) e também que relações há entre o Agharta, a União de Serviço Universal, a BODHA, a Nova Economia e a Maçonaria Reformada. Pois bem. Tratarei de fazê-lo agora, embora não disponha de muito tempo nem de espaço para tanto.

A obra é una, integral, consistente e complementar em si mesma, embora os aspectos sejam diferentes em formas de expressão ou em campos de realizações. O AGHARTA é um programa e uma realização da consciência cósmica, criadora e Espiritual, a nobreza do Espírito e a aristocracia da inteligência ao serviço da vida ideal em escala universal.

A UNIÃO DE SERVIÇO UNIVERSAL é o plano de vida de uma sociedade de indivíduos cultivados, conscientes, livres e dignos, economicamente assegurados, culturalmente reabilitados e espiritualmente iluminados.

A BODHA é a Escola Esotérica de Alta Sabedoria e o Lar de Consciência Espiritual (Bodha) dirigido pelos Sábios no decurso dos tempos atuais. É a Iniciação perfectiva, a cura íntima do indivíduo com o objetivo de conseguir o pleno despertar do potencial vital e da expansão de conquista dos horizontes perdidos da vida pelo Espírito reabilitado, redignificado.

A NOVA ECONOMIA consiste em constituir uma COMUNIDADE MUNDIAL PERMANENTE DE HOMENS LIVRES E PACÍFICOS, na qual cada indivíduo adquire a plenitude de seus direitos naturais e vive de acordo com os Princípios Universais.

A REFORMA MAÇÔNICA, ou MAÇONARIA REFORMADA E RESTITUIDA é a nova “estruturação” iniciática de uma Freternidade humana de caráter cívico e religioso, muito acima de todos os partidos e de todas as igrejas, segundo o Verbo Espiritual Esotérico. É a volta da Maçonaria à sua própria justificação primordial, autêntica e transcendental.

Assim, em pensamento e em ação, nós trazemos ao mundo uma nova visão da vida, uma Nova Civilização. Agora, vejamos qual é, em essência, a potência, que é também a justificação e o crédito moral-espiritual que nos inspira, nos anima e nos guia. Pode se dar em fórmulas simples este conjunto de condições que caracterizam aos Agarteus, deste modo :

Ausência de egoísmo, de paixões e de preconceitos, domínio das forças íntimas (controle dos Vacitas e Balas da Ciência Espiritual), não ter nenhum apego nem temor pelo que concerne à vida e à morte, pleno despertar e irradiação infinita da consciência, identificação com a Alma, com a Consciência Cósmica, vibrar em harmonia com os Princípios da Alma Universal, produzir-se uma condensação (gotra) crescente do potencial vital, não viver mais do que para a Verdade, não ter medo nem dos tiranos, nem dos inquisidores nem dos loucos nem dos enfermos; estar a serviço da consciência humana superior (bodha); não matar......a sabiendas..... nenhuma forma de vida; não cometer atos nunca contra-natura ou excessos; não faltar jamais com a sinceridade, humildade, amizade, assistência, compaixão e proteção para com os outros; não faltar nunca com o respeito a Deus, às Igrejas, aos cultos, às tradições, às lendas, aos indivíduos e à vida em geral; ausência de todo vício (drogas, álcool, fumo, café, chá, perfumes, incenso, condimentos, lascívia, mentira, orgulho e metafísica); ser incapaz de malevolência, ......fullería,,......egoísmo, ódio e libertinagem desenfreada; alcançar as funções superiores (Dharma) das Purificações (Vacitas e Balas), dos Exercícios bio-psicodinâmicos (Yoga Transcendental) e das Promessas perfectivas (Afirmações regeneradoras) e realização do Ideal do Cristo, do Guru e do Buda.

As práticas metódicas implicam, enfim, em:

1.- Comunhão Espiritual ou Mandala,

2.- A higiene mental, pensamentos puros, retos, nobres,

3.- A reabilitação física e mental, hereditária e cármica, e

4.- Os esforços regeneradores ou Mantrans. De fato, isto é a conquista e a tomada de conhecimnto de si mesmo e de sua própria reintegração no sentido supremo da vida.

Eis aqui, Querido Padre, o por que estamos nas próprias cercanias de uma Nova Era, e é graças a estas condições admiráveis que estamos em condições de assumir a responsabilidade do pleno arranque da alma humana em um novo ciclo de realizações vitais.

Os que pensam e sentem como nós, os que se descobrem e se reencontram e sentem em si mesmos o arranque sagrado dos sentimentos nobres, querendo irradiar muito acima das barreiras artificiais das paixões e preconceitos daqui de baixo são, sem se darem conta disso, Agarteus e a eles corresponde lançarem-se em direção às alturas da vida sábia, sublime, divina.

Você me diz, também, meu Querido Padre,  “às vezes Você reduz certas coisas a nada, às vezes glorifica-as em sua própria essência. Mas Você crê, sinceramente, que a Igreja de Roma cumpre sua Missão Divina? “  - Eu creio na magnífica e inimitável estrutura Espiritual do Cristo, e eu sei que sua Igreja pode cumprir sua missão sagrada com glória. É o dever de todas as almas bem nascidas ajudá-la a realizar este sublime magistério.

Eu creio que agora Você sabe o que é o Agharta, e talvez sinta-se completamente identificado conosco.      O Agharta não é uma fórmula, um dogma, uma doutrina, uma tradição; é uma condição íntima, um magistério transcendental, uma realização vital, uma potência Espiritual.

Receba, Querido Padre, minha Bêncão integral de Paz, Saúde e Proteção.